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Dissertações, opiniões, escárnio e mal-dizer, canções de amigo, pensamentos ociosos, odiosos, preguiçosos, o óbvio, o subliminar, a bela e o monstro, eu, tu, ele, aquele, aqueloutro, o que só acontece aos outros, o que só me acontece a mim. Tenho dito.

10.10.06

12 de Abril



Mais uma história escrita originalmente para o formato curta-metragem. Deixo-vos com uma breve resenha do enredo:


A TRADIÇÃO
Uma jovem, aparentando 20 e poucos anos, de corpo atlético, encontra-se amordaçada e amarrada a uma cadeira, num canto do que aparenta ser um armazém. É já de noite. Quase não há luz, apenas a da lua que se escapa por entre pequenas janelas a grande altitude. A rapariga acorda lentamente, como se saísse de um sono profundo provocado por sedativos. Quando retoma plena consciência, entra em pânico, ao aperceber-se do lugar estranho onde se encontra. Debate-se contra as amarras que a aprisionam, mas em vão. Tenta gritar, mas a mordaça não lhe permite soar suficientemente alto para que se possa ouvir para fora daquelas paredes. Chora de desespero.
O seu pranto é interrompido pelo barulho metálico de um portão que se abre. Ouve vozes, embora não consiga perceber o que dizem. Solta um gemido, mas logo se detém. Percebe que o número de vozes aumenta, e então tenta desesperadamente soltar-se, balançando-se violentamente e acabando por tombar de lado no chão, ainda amarrada à cadeira. Arrasta-se, procurando em volta com o olhar algum objecto que a auxilie. Quando olha para cima, vê um vulto a 5 metros de si. É Nuno que a observa, o qual logo de seguida a levanta do chão, enquanto a jovem se contorce com mais medo do que nunca.
Enquanto Nuno solta as cordas, os outros 4 aproximam-se, contemplando o espectáculo. A jovem está finalmente liberta, e atira-se para o canto, chorando e pedindo que não lhe façam mal. Os homens rodeiam-na em semi-círculo, e então Nuno, sorrindo, dirige-lhe a frase: “Então, pronta para jantar?”


O ANO SEGUINTE
Dois homens descem a rua, sorrindo e em amena cavaqueira, como se não se vissem há já algum tempo. Param em frente a uma as casas, e tocam à campainha. Abrindo a porta, surge um homem um pouco mais novo que eles, que os reconhece com satisfação. Trata-os por Nuno e Vítor, já os esperava e convida-os para entrar.
Enquanto os dois recém-chegados se acomodam na sala de estar, a campainha soa novamente e o anfitrião deixa os amigos por momentos, enquanto se dirige à porta. Segundos depois, mais dois homens se juntam ao grupo, sendo recebidos com entusiasmo. Trata-se de João, o mais corpulento e roliço, e Óscar, o mais bem-parecido de todos eles.
O dono da casa, Ricardo, serve bebidas, enquanto se desenrola uma acesa conversa entre todos, depois de informar que a sua namorada, uma enfermeira com quem partilha a casa, está de banco no hospital. Pela troca de ideias se percebe que João é chefe de cozinha de um hotel (por paixão, pois tal como os outros tem formação superior), e que Óscar, apesar de casado, dedica parte do seu tempo em busca de fugazes relações extra-conjugais. São antigos colegas de faculdade, e Nuno é o único que criou o seu próprio negócio, possuindo um armazém.
É introduzido o motivo que os reuniu: chamam-lhe a “tradição”, e referem-se ao dia 12 de Abril, data de aniversário do Nuno, daí a um mês. Recordam vagamente o sucesso que obtiveram no ano anterior: a qualidade da vítima, a forma como acompanharam o seu quotidiano, o papel de Óscar em se aproximar da jovem escolhida, seduzindo-a para obter informações sobre a sua vida, a discrição com que Vítor e Ricardo operaram o sequestro no dia anterior, e os dotes culinários de João. Ricardo interrompe para anunciar que está de casamento marcado para Maio, o que não constituiu surpresa nos outros – já o havia dito no ano anterior. Vítor, que até então quase não tinha falado, sugere em nome do grupo que Ricardo ficaria excluído dos preparativos, sendo que a escolha da “vítima” seria a prenda de casamento. Ricardo aceita com desconfiança, mas sorrindo.
Assim sendo, para não estragar a surpresa, despedem-se de Ricardo e marcam encontro com ele apenas para o dia 12 de Abril, no armazém do Nuno. Ricardo, agora sozinho, recosta-se no sofá, olhando para o vazio com ar apreensivo.


CONTAGEM DECRESCENTE
Num dos seus passeios a pé pela cidade, Joana repara que algo de anormal se apoderou do comportamento de Ricardo. Sente-o mais distante, menos sorridente, olhando à sua volta como se procurasse algo ou alguém. Ricardo nega, dizendo que está tudo bem, tem apenas alguns problemas no escritório, nada de grave. Joana não parece convencida, mas dá-lhe o benefício da dúvida, devido ao aproximar do matrimónio. De noite, enquanto Joana cozinha, Ricardo acorre várias vezes à janela, observando a rua e sobressaltando-se com todos os vultos e sombras que se movimentam, e que parecem ocultar-se quando Ricardo se apercebe deles. Abana a cabeça, como se dissesse a si mesmo que está a imaginar cosas. Ainda assim, durante a noite, aconchega o corpo de Joana ao seu, como se a tentasse proteger de alguma coisa, e tem dificuldade em adormecer.


A TRADIÇÃO
É já de noite. Ricardo prepara-se para sair de casa. Recebe um telefonema de Óscar, que lhe diz estão todos à sua espera. Estranhamente, pergunta-lhe se já se despediu da sua noiva, dizendo que “vai ser uma longa noite”. Ricardo diz que Joana se ausentou para casa de sua mãe, na véspera. Quando Óscar desliga, Ricardo fica visivelmente agitado. Tenta ligar à noiva, mas o telemóvel encontra-se desligado. Nervoso, sai apressado de casa em direcção ao carro, e arranca em direcção ao ponto de encontro.
O automóvel de Ricardo para em frente do armazém. Apeia-se e dirige-se para o portão, ao qual bate sem obter resposta. Num acto reflexo, empurra o portão, que se abre. Entra, envolto em penumbra, e dirige-se para o extremo do armazém onde as vítimas são habitualmente mantidas cativas, mas não vê ninguém. Ao voltar-se para trás, depara-se com os 4 amigos, que o rodeiam em semi-círculo. Nuno, abrindo um sorriso, dirige-lhe a pergunta: “Então Ricardo, pronto para jantar?”

2 Comments:

Blogger Xo said...

que estranha coincidencia... datas, nomes...
mas vou-te contar... esta relação entre os amigos.. é um bocado suspeita... :p

10:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

sem duvida alguma.....ÉS O MAIOR!!!!!!!!!!!já tenho a planificação na cabeça....tb c um argumento destes não é dificil.mil beijocas cinematográficas da amiga Carolina Matos

2:19 da tarde  

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