nandofanclub

Dissertações, opiniões, escárnio e mal-dizer, canções de amigo, pensamentos ociosos, odiosos, preguiçosos, o óbvio, o subliminar, a bela e o monstro, eu, tu, ele, aquele, aqueloutro, o que só acontece aos outros, o que só me acontece a mim. Tenho dito.

21.3.06

O macho, esse enfermo



Nós homens (sim, a metade masculina do ser humano) encontramos um precioso subterfúgio para um merecido retorno à doce infância: ficarmos doentes.
Mas há uma condicionante: qualquer que seja a maleita, terá de ser abalo suficiente para nos tombar na cama por mais de 24 horas. Aí, no nosso trono de tormento, bradamos aos céus o mal que sobre nós se abateu, entre gemidos e manifestações de vulnerabilidade. É o regresso trágico ao berço, de onde exigimos carinho, aconchego e comida levada à boca. E retribuímos com baba e ranho, num insaciável pranto de sofredor que, com a perspectiva do fim dos seus dias, chantageia atenção redobrada.
É quase desumano obrigar um homem a combater a mariquice subjacente à enfermidade – será sempre uma luta ingrata, pois nada há de mais doloroso do que esgrimir contra a nossa natureza. Está-nos no código genético. Já dizia a minha avó: “na doença, todo o homem é larilas” - por isso, nunca gostei de hipocondríacos…

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grande Nando, tenho-te a dizer que concordo plenamente contigo. Somos mesmo uns caguinhchas quando estamos doentes. Aliás, até o nosso grande amigo Vitorino descreve de forma fantástica esse tema numa das suas músicas. Depois, se quiseres arranjo-te em audio.


"TODOS OS HOMENS SÃO MARICAS QUANDO ESTÃO COM GRIPE

Pachos na testa Terço na mão Uma botija Chá de limão Zaragotoas
Vinho com mel 3 aspirinas Creme na pele Dói-me a garganta Chamo a mulher Ai Lurdes, Lurdes Que vou morrer Mede-me a febre Olha-me a goela Cala os miúdos Fecha a janela Não quero canja Nem a salada Ai Lurdes, Lurdes Não vales nada Se tu sonhasses Como me sinto Já vejo a morte Nunca te minto Já vejo o inferno Chamas diabos Anjos estranhos Cornos e rabos Vejo os demónios Nas suas danças Tigres sem litras Bodes de tranças Choros de coruja Risos de grilo Ai Lurdes, Lurdes Que foi aquilo Não é chuva No
meu postigo Ai Lurdes, Lurdes
Fica comigo Não é o vento A cirandar Nem são as vozes Que
vêm do mar Não é o pingo De uma torneira Põe-me a santinha Á cabeceira Compõe-me a colcha Fala ao prior Pousa o Jesus No cobertor Chama o doutor Passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes Nem dás por nada Faz-me tisanas E pão de ló
Não te levantes Que fico só Aqui sozinho A apodrecer Ai Lurdes, Lurdes Que vou morrer."

Abraço:

Nuno Oliveira

8:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O homem e a mulher têm formas diferentes de sentir a dor...

Se o homem é um maricas quando está doente (é verdade), ou seja tem um pico de intensidade num curto espaço de tempo, a mulher tem o dom de ter sempre uma dorzinha na ponta de sabe-se lá onde e de estar sempre a fazer o relatório das mazelas que teve, tem e que estão para vir, ou seja, a intensidade é menor mas o período é bem looooooooongo...

O que é preferível?

enGine.throbs

11:07 da tarde  

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