O macho, esse enfermo

Nós homens (sim, a metade masculina do ser humano) encontramos um precioso subterfúgio para um merecido retorno à doce infância: ficarmos doentes.
Mas há uma condicionante: qualquer que seja a maleita, terá de ser abalo suficiente para nos tombar na cama por mais de 24 horas. Aí, no nosso trono de tormento, bradamos aos céus o mal que sobre nós se abateu, entre gemidos e manifestações de vulnerabilidade. É o regresso trágico ao berço, de onde exigimos carinho, aconchego e comida levada à boca. E retribuímos com baba e ranho, num insaciável pranto de sofredor que, com a perspectiva do fim dos seus dias, chantageia atenção redobrada.
É quase desumano obrigar um homem a combater a mariquice subjacente à enfermidade – será sempre uma luta ingrata, pois nada há de mais doloroso do que esgrimir contra a nossa natureza. Está-nos no código genético. Já dizia a minha avó: “na doença, todo o homem é larilas” - por isso, nunca gostei de hipocondríacos…